quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Ensaio de Richard Feynman sobre ensino no Brasil

Esta postagem pode parecer um pouco deslocada aqui no Blog, mas acho que vocês irão gostar.

Richard Feynman (1918-1988) foi um dos físicos mais importantes do século XX. Além de ter ganhado o prêmio Nobel pelas suas contribuições à eletrodinâmica quântica, Feynman também ficou famoso por ter liderado o grupo que investigou a trágica explosão do ônibus espacial Challenger, ocorrida em 1986 (há até um filme de 2013, The Challenger [Ônibus Espacial Challenger, no Brasil] que conta esta história). Ele também fez parte do Projeto Manhattan, que construiu a primeira bomba atômica.

O que pouca gente sabe é que na década de 1950, Feynman foi professor visitante na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  O ensaio disponível aí adiante narra experiências da sua passagem pelo nosso país, e é um material promocional do seu livro Deve ser brincadeira, Sr. Feynman! (UnB/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2000). Acompanhem as peripécias deste personagem folclórico da ciência e suas importantes reflexões sobre o ensino (de ciências, principalmente, mas não só) no Brasil divertindo-se com "O americano, outra vez!" Até o nosso grande físico César Lattes (aquele do currículo, lembram?) aparece por lá.




Como tudo se conecta nesta vida, Freeman Dyson (1923-     ), autor que lemos na disciplina "Metodologia da Pesquisa e História da Ciência", teve participação importante na vida de Feynman. Como Feynman tinha dificuldade de entender a mecânica quântica na época, inventou ele mesmo uma forma (!), usando diagramas que se tornaram conhecidos como Diagramas de Feynman. Dyson o ajudou a descrever matematicamente esta nova abordagem. Um pouco desta história é contada numa autobiografia de Dyson, Perturbando o Universo (UnB, 1981).


A propósito, Freeman Dyson é um autor de ciência único, realmente sem paralelo, já que discute principalmente política científica e o papel da tecnologia na sociedade. Recomendaria De Eros a Gaia: o dilema ético da civilização em face da tecnologia (Editora Best Seller, 1992). Mas também há Infinito em todas as direções (Companhia das Letras, 2000), Mundos Imaginados (Companhia das Letras, 1998), e O Sol, o Genoma e a Internet (Comanhia das Letras, 2001).


domingo, 29 de janeiro de 2017

Além dos Cromossomos X e Y

Na semana passada, falamos da herança ligada ao cromossomo X ou ligada ao sexo. As mulheres possuem dois X (XX) e os homens um X e um Y (XY). Dependendo do espermatozoide que fecundar o óvulo, nascerá um menino ou uma menina. A princípio, pelo menos. Pois essa dicotomia não é suficiente para explicar como muitos de nós nos sentimos.

O que estamos vendo é algo bem diferente se desenrolando à nossa vista. A genética é uma parte importante, mas não diz tudo.

A revista National Geographic fez uma contribuição importante na sua edição especial do mês de janeiro, falando sobre a diversidade humana em termos de gênero. Quantas pessoas não devem ter se sentido compreendidas e quantas outras não começaram a se aceitar após isso? A edição também fala das condições de meninos e meninas ao redor do mundo além de outros assuntos associados à desigualdade entre gêneros.



E discutimos também sobre a tendência em interpretar o nosso comportamento sempre em termos de seleção natural, reprodução e perpetuação da espécie, algumas vezes justificando até a violência. Até que ponto? Ou até que ponto para nós? Quando ouvimos relatos ou mesmo nos sentimos saindo do esperado, está na hora de começar a questionar o que está nos livros, principalmente no caso do ser humano. Afinal, as teorias nascem das observações - não são as observações que devem se adequar às teorias.

Ainda sobre sexo, não posso deixar de recomendar O Livro Proibido do Sexo, de Marcia Kedouk, mais um da série de livros publicados com a marca da revista Superinteressante, todos de alto nível de escrita e pesquisa jornalística. Nele a autora relaciona o sexo com história, mitologia, biologia e também leva a reflexões e esclarecimentos bem fundamentados. O livro pode ser encontrado em bancas ou em livrarias.

Marcia escreveu outros dois livros pela Superinteressante, Prato Sujo, sobre a manipulação da indústria dos alimentos, e Tarja Preta, sobre o lado negro da indústria de remédios. Leituras primorosas.




terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Animações do Livro "Genetics", de Robert J. Brooker

As animações do livro Genetics, de Robert J. Brooker (McGraw-Hill Education; 5 edition, 2014) estão disponíveis aqui neste site.
As animações estão em inglês, então vamos aproveitar para treinar um pouco este idioma.



Quem estiver atrás de informações básicas sobre Genética pode dar uma olhada nos vídeos da Khan Academy (há sobre Leis de Mendel, Meiose e Mitose), que estão em um link aí ao lado. São vídeo-aulas de cerca de 15 minutos.

Quem somos?

Termos mais células de bactéria no nosso corpo do que células humanas é surpreendente - e faz refletirmos sobre o que realmente somos. Mas se você quiser aumentar a sua crise de identidade, não deixe de ler 10% humano, de Alana Collen (Sextante, 2016). Nele a autora faz um apanhado de como a diversidade bacteriana pode estar por trás de várias doenças humanas, como alergias, autoimunidade e talvez mesmo autismo. Uma leitura desafiante. Parece que a nossa imunologia é ainda mais complicada do que pensávamos.

 

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Oliver Sacks (1933-2015)

Já que estamos falando de doenças complexas, vamos relembrar do médico e escritor Oliver Sacks. Muitos de vocês leram O homem que confundiu sua mulher com um chapéu (Companhia das Letras, 1997). É emocionante que lendo os ensaios desse livro, foi quase uma unanimidade a perspectiva sensível sobre os pacientes que vocês puderam perceber. E é assim no mundo inteiro: Oliver Sacks é admirado por como trata os pacientes e nos faz questionar a normalidade da nossa própria percepção do mundo.

Deixo aqui um vídeo de 1997 quando da sua passagem pelo Brasil, no programa Roda Viva da TV Cultura.


Aproveito para recomendar sua autobiografia (Sempre em movimento, Companhia das Letras, 2015), onde percebemos mais de Oliver Sacks e nos deliciamos com a sua vida surpreendente, sua sexualidade, sua baixa experiência acadêmica, e seu amor por motocicletas, halterofilismo, mergulho e escrever. Ao final, somos brindados pela sua reflexão sobre como concebe o funcionamento da mente humana.

Gostaria de mencionar outro aspecto. Nesta autobiografia, ele fala um pouco sobre Stephen Jay Gould (1941-2002), o paleontólogo do qual lemos o ensaio "Apostando na sorte e não vale olhar". Como Gould era extremamente discreto sobre sua vida privada, exceto talvez quando compartilhou um pouco da sua experiência com o filho autista, para mim foi muito emocionante ter acesso sobre a sua personalidade.

Imperdível!




É ele mesmo, nosso Oliver Sacks quando jovem.




Aqui, com o saudoso Robin Williams, durante as filmagens
do filme Tempo de despertar, baseado em seu livro homônimo.

Doenças Complexas

No dia 3 de fevereiro de 2016, tivemos a participação em nossa aula dos professores Luis Heredero e Maria Helena Maia, que discutiram conosco sobre doenças complexas e seus trabalhos na UFPA, onde fazem uma ponte entre o seu laboratório de Genética e o Hospital Bettina Ferro.


Pudemos discutir o capítulo "É chegada a hora de conhecer nossos próprios segredos?" do Livro A linguagem da vida, de Francis S. Collins (Editora Gente, 2010), e escutar os pontos de vista desses simpáticos professores sobre ciência e a colaboração entre pesquisadores, médicos e pacientes.



Eu sei que parece férias, mas na realidade nesta foto a Maria e o Luis
estavam se preparando para representar a UFPA no Encontro Nacional
Espanhol de Doenças Raras, em Murcia, na Espanha.

Aqui, deixamos um vídeo que trata do autismo de um ponto de vista bem interessante, chamado O cérebro de Hugo, dirigido por Sophie Révil (França, 2012):



domingo, 7 de fevereiro de 2016

Comportamento Humano - Sobre o Prefácio de um Livro

É razoável imaginar que o debate "natureza versus cultura" domina o pensamento humano. Será que o nosso comportamento é herdado de nossos pais? Se sim, como?

Cães domesticados possuem comportamento diferente dependendo da raça, uns mais dóceis outros mais ferozes, uns mais companheiros, outros que ajudam na caça, e ainda os que só comem a caça... Ou seja, ao longo de anos fomos capazes de selecionar o comportamento de várias espécies para que ficassem adaptadas aos nossos propósitos. A natureza, então, poderia ter selecionado também. O debate seria quase insípido se não fosse o fato de termos sido moldados pela natureza também...
Mas quando a espécie humana chega ao debate, fica a pergunta: como a nossa cultura influencia o nosso comportamento?

Recomendo, para começar, que vejam os episódios da série "Instintos Humanos", disponíveis no YouTube. Mas assistam de forma crítica! Aqui o que assistimos na aula:



E que leiam o Prefácio à edição portuguesa do livro "O Gene Egoísta", de Richard Dawkins (originalmente publicado em 1976), escrita pelo etólologo António Bracinha Vieira. Essse prefácio critica (!) o conteúdo do livro: um exemplo de responsabilidade e lisura por parte da Editora Gradiva, de Lisboa.

De fato, sem uma leitura crítica do livro de Dawkins, somos facilmente levados a crer que somos mesmo meros portadores de nossos genes, que usam nosso corpo para se transmitir à próxima geração.



Hoje, o debate aparece com a psicologia evolucionista ou psicologia evolutiva. Mas, o prefácio de António Bracinha Vieira é um bom começo de discussão. Lemos um artigo da Scientific American sobre esse tema também, lembram?

Quem se interessar ainda mais pelo estudo do comportamento, pode dar uma olhada no livro "Comportamento Animal" de John Alcock (Artmed, 2010).